A presente pesquisa tem como objetivo geral analisar as trajetórias de mulheres no comando de sindicatos da educação, que ocupam ou ocuparam cargos de presidentas nessas organizações, destacando as relações de gênero e poder e a construção de identidades. Os pressupostos teóricos do materialismo histórico-dialético em interlocução com as teorias feministas e de gênero orientam as análises do objeto, centrado nas relações de gênero presentes no contexto do sindicalismo da Educação Básica brasileira. A metodologia qualitativa mostrou-se eficaz particularmente para exploração do campo temático, mediante a consulta a várias fontes de informação como: Revisão da literatura/levantamento bibliográfico; documentos do Banco de Teses Dissertações da Capes, do Portal de periódicos da Capes, com a finalidade de mapear trabalhos nacionais e internacionais relevantes sobre as mulheres no comando dos sindicatos de docentes; Observação das atividades sindicais e das notícias coletadas de forma virtual a partir dos sites oficiais, das redes sociais (Instagram, facebook e TikTok) dos cinco sindicatos da região norte e vídeos no Youtube sobre as atividades desses sindicatos. Documentos dos sindicatos como: teses dos congressos e caderno de lutas sindicais dos últimos 05 anos, estatutos das entidades ou regimento interno, a fim de observar as concepções políticas adotadas, listas atualizadas referente à composição das diretorias executiva dos sindicatos da educação; Fontes orais, por meio de entrevistas semiestruturadas realizadas com 08 mulheres divididas em dois grupos: a) 05 presidentas de sindicatos da educação na região norte do Brasil e b) 02 ex-dirigentes e 01 dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE ). As entrevistas realizadas presencialmente e através das plataformas virtuais, Google meet e Zoom, foram gravadas, transcritas e posteriormente analisadas. A análise de conteúdo por ser uma metodologia dinâmica mostrou-se relevante para nortear a análise dos dados. Os resultados da pesquisa indicaram o aumento do número de mulheres nas presidências de sindicatos da educação sobretudo na região norte do Brasil. Fato que, de acordo com os dados subjetivos, se deve a intensificação das discussões em torno da maior participação das mulheres na vida social e em espaços de tomadas de decisão e poder promovidas pelos movimentos feministas, pelas secretarias de mulheres das centrais sindicais, das confederações, sindicatos e partidos. Neste sentido, destaca-se o papel político da CNTE ao instituir uma política de gênero que visa empoderar as mulheres nos sindicatos por meio da formação e da criação de espaços de discussão sobre questões relativas à pauta das mulheres nas revistas, cursos, oficinas, encontros, conferências, congressos, a recomendação que seus sindicatos filiados criem secretarias/departamentos/diretorias de gênero ou da mulher, incentivo à criação de coletivos de mulheres, de políticas raciais, LGBTQIAPN+, etc. Apesar disso, na maioria dos sindicatos da educação no Brasil, as mulheres continuam sub-representadas em cargos de poder, quando se compara o número de mulheres presentes na Educação Básica. Os resultados da pesquisa apontaram que isso se deve ao machismo dos homens e a reprodução deste pelas mulheres dentro e fora dos sindicatos, a desconfiança em relação à capacidade das mulheres no desenvolvimento das atividades; o assédio moral, as dificuldades de conciliar o trabalho produtivo e reprodutivo, especialmente no cuidado de crianças pequenas. Isso repercute, por exemplo, na ausência de mulheres com filhos pequenos no topo do poder sindical. Além disso, ficou evidenciado que o contexto, a conjuntura político sindical e as relações estabelecidas entre os sujeitos interferem diretamente na escolha dos nomes dos/das presidentes/as. Neste sentido, o apoio e a união das mulheres são fundamentais para o empoderamento de outras mulheres.
La presente investigación tiene como objetivo general analizar las trayectorias de mujeres al frente de sindicatos de educación, que ocupen o hayan ocupado el cargo de presidentas en estas organizaciones, resaltando las relaciones de género y poder y la construcción de identidades. Los presupuestos teóricos del materialismo histórico-dialéctico en interlocución con las teorías feministas y de género guían los análisis del objeto, centrado en las relaciones de género presentes en el contexto del sindicalismo de la Educación Básica brasileña. La metodología cualitativa se mostró eficaz, especialmente para la exploración del campo temático, a través de la consulta a varias fuentes de información, tales como: Revisión de la literatura/levantamiento bibliográfico; documentos del Banco de Tesis y Disertaciones de la Capes, del Portal de Revistas Periodísticas de la Capes, con el fin de mapear trabajos nacionales e internacionales relevantes sobre mujeres a cargo de sindicatos docentes; Observación de actividades sindicales y noticias recogidas virtualmente a través de los sitios oficiales, redes sociales (Instagram, Facebook y TikTok) de los cinco sindicatos de la región norte y vídeos en YouTube sobre las actividades de estos sindicatos. Documentos de los sindicatos como: tesis de congresos y cuadernos de luchas sindicales de los últimos 05 años, estatutos de las entidades o reglamento interno, con el fin de observar las concepciones políticas adoptadas, listas actualizadas de la composición de las juntas ejecutivas de los sindicatos de educación; fuentes orales, a través de entrevistas semiestructuradas realizadas a 08 mujeres divididas en dos grupos: a) 05 presidentas de sindicatos de educación en la región norte de lo Brasil y b) 02 ex-dirigentes y 01 dirigente de la Confederación Nacional de Trabajadores en Educación - CNTE. Las entrevistas realizadas presencialmente y a través de las plataformas virtuales, Google Meet y Zoom, fueron grabadas, transcritas y posteriormente analizadas. El análisis de contenido, por tratarse de una metodología dinámica, se mostró ser relevante para guiar el análisis de datos. Los resultados de la investigación indicaron un aumento en el número de mujeres en la presidencia de sindicatos de educación, especialmente en la región norte de Brasil. Hecho que, de acuerdo con datos subjetivos, esto se debe a la intensificación de las discusiones en torno a una mayor participación de las mujeres en la vida social y en espacios donde se toman decisiones y poder promovidos por los movimientos feministas, las secretarías de la mujer de las centrales sindicales, confederaciones, sindicatos y partidos. En este sentido, se destaca el papel político de la CNTE al instituir una política de género que busca empoderar a las mujeres en los sindicatos a través de la formación y de la creación de espacios de discusión sobre cuestiones relacionadas con la agenda de las mujeres en revistas, cursos, talleres, encuentros, conferencias, congresos, y la recomendación de que sus sindicatos afiliados creen secretarías/departamentos/direcciones de género o de la mujer, incentivo a la creación de colectivos de mujeres, de políticas raciales, LGBTQIAPN+, etc. A pesar de esto, en la mayoría de los sindicatos de la educación en Brasil, las mujeres siguen subrepresentadas en puestos de poder, cuando se compara el número de mujeres presentes en la Educación Básica. Los resultados de la investigación indicaron que esto se debe al machismo de los hombres y a su reproducción por parte de las mujeres dentro y fuera de los sindicatos, la desconfianza en relación a la capacidad de las mujeres para desarrollar actividades, el acoso moral, las dificultades para conciliar el trabajo productivo y reproductivo, especialmente en el cuidado de niños pequeños. Esto se refleja, por ejemplo, en la ausencia de mujeres con hijos pequeños en la cima del poder sindical. Además, quedó claro que el contexto, la coyuntura política sindical y las relaciones establecidas entre los sujetos interfieren directamente en la elección de los nombres de los/as presidentes/as. En este sentido, el apoyo y la unión de las mujeres son fundamentales para el empoderamiento de otras mujeres.
This research aims to examine the career paths of women who have held or currently hold the position of president in education unions, with a focus on gender and power relations and the development of identities. The theoretical framework for this analysis is based on the historicaldialectical materialism approach in conjunction with feminist and gender theories, and guides the analysis of this research object, which is centered on the Brazilian Basic Education trade unionism context’s gender relation. The qualitative methodology proved to be effective, particularly for exploring the thematic field, by consulting various sources of information, such as literature review/bibliographical survey; documents from Capes (Coordination of Improvement of Higher Education Personnel) Thesis and Dissertation Database and its Portal of Journals to map relevant national and international studies on women in command of teachers’ unions; observation of union activities and news collected virtually from all five Northern region unions’ official websites, social networks (Instagram, Facebook and TikTok) along with YouTube videos on their activities. Trade union documents, including the last fiveyear conference agendas, union handbooks, bylaws, and standing rules, were reviewed to uncover their political perspectives. Updated lists of the executive boards of education unions were also consulted. The research included interviews with eight women, grouped into two categories: a) five presidents of education unions in Northern Brazil, and b) two former leaders and one current leader of the National Confederation of Education Workers (CNTE). The interviews, conducted over the Google Meet and Zoom virtual platforms, were recorded, transcribed, and then analyzed. Content analysis, as a dynamic methodology, was demonstrated to be relevant in guiding the data analysis. Research findings indicate an increase in the number of women leading educational trade unions, especially in the northern region of Brazil. This fact, according to the subjective data, is attributed to the growing discussions surrounding more female participation both in social life and within decision-making and power spaces, facilitated by feminist organizations, and by central trade union women’s bureaus, associations, trade unions, and political parties. In this regard, the CNTE’s political role is notable for establishing a gender policy that seeks to empower women within unions through the development and establishment of spaces for discussing issues related to the women’s agenda in various forums such as magazines, courses, workshops, meetings, conferences, and congresses. Additionally, the CNTE recommends that its affiliated unions establish gender or women’s secretariats/departments/directories, thus encouraging the formation of women’s collectives and the implementation of policies related to race, LGBTQIAPN+, etc. Nevertheless, in the majority of education trade unions in Brazil, there is still female underrepresentation in positions of power, considering the number of women in Basic Education. The research findings indicated that this is due to male chauvinism and its perpetuation by women both within and outside the unions, disbelief regarding women’s abilities in performing tasks, workplace harassment, and challenges in balancing productive and reproductive work, especially in caring for small children. This has repercussions, for example, on the absence of women with small children at the highest levels of trade union power. In addition, it became evident that the context, the political-union conjuncture and the relationships established amongst the individuals directly interfere with the choice of names for male / female presidents. In this regard, female support and unity are fundamental to empowering other women.